domingo, 16 de setembro de 2012

Uso numerais

Att: O bilião do Brasil corresponde a mil milhões de Portugal
 
 
Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011
Biliões ou triliões?
 
Imaginem o símbolo 1 seguido de 12 zeros: que nome se dá ao número que daqui emerge? A pergunta parece tonta, mas não é.
Se estivermos nos EUA, a cada acrescento de três zeros chamamos sucessivamente milhares, milhões, biliões e triliões. Mas, na generalidade dos países europeus, a mesma sequência é de milhares, milhões, milhares de milhões, biliões. Ou seja, o mesmo número é um bilião em Paris e um trilião em Nova Iorque. Faz sentido?
Recentemente correu mundo o número $14,3t - 14,3 triliões de dólares -, a expressão da dívida americana, que chegou a ameaçar o país de insolvência. Toda a gente falou disso! Estive atento às interpretações portuguesas e descobri que se dividiram em dois grupos: o dos práticos, que lhe chamaram triliões, e o dos puristas, que preferiram os biliões. Já a população em geral alheou-se do assunto: era um número "muito grande", ponto final.
Esta indiferença pelo rigor sempre me fez confusão. E, em Dezembro de 2007, em artigo no Expresso, decidi bater-me publicamente pelo modelo americano. Uma jornalista do semanário pegou a seguir no tema e foi mais longe: investigou as razões do diferendo, abordou economistas e professores e lançou um debate na Internet. Que me recorde, as opiniões eram unânimes: sim à uniformização. Depois, como é normal nestes casos, o assunto morreu.
Em apresentações das grandes empresas portuguesas, habituadas a lidar com números acima dos nove dígitos, indicadores como vendas, resultados ou capitalizações bolsistas são de há muito identificados através da escala curta, ou seja, usando o modelo tradicional. E ninguém se dá ao trabalho de explicar porquê: 100 mil milhões de euros são €100b e é tudo. O que não deixa de ser estranho. A convenção a que aderimos não é a da escala longa?
Eu sei que, à luz desta crise medonha que atravessamos, este não é um tema prioritário. Prioritários são o crescimento e o emprego, o défice e a dívida, os salários e as pensões. Mas, num mundo globalizado como é o nosso, os números não podem ser descurados. Temos de dar o mesmo nome às mesmas coisas! E, a haver mudanças, o normal é que sejam os europeus a fazê-las: a escala curta é a mais fácil, a mais prática e a mais frequentemente usada nos grandes acontecimentos internacionais.
Alguém quer pegar neste assunto?

NÚMEROS E CONVENÇÕES

Da escala longa...
(U: €Mil milhões)
 ...à escala curta (U: €Biliões)
  
 À esquerda temos a evolução do PIB nominal, que deverá atingir €171 mil milhões no final de 2011. E à direita temos a evolução da dívida pública, que no mesmo período deverá atingir €170 biliões. Os dois números são semelhantes, mas, se não nos explicarem as escalas, parece que o segundo é mil vezes superior. A decisão tomada na 9ª Conferência de Pesos e Medidas tem de ser corrigida - ou ninguém se entende.
Fontes: INE, Banco de Portugal
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Daniel Amaral, Economista
d.amaral@netcabo.pt


Comentários:
 
jc , coimbra | 23/09/11 14:50
(cont.)... assim, numa sequência lógica, matemática, harmoniosa e simples, com início na unidae e tendente para infinito, onde os conceitos de unidades, dezenas, centenas, milhares e milhões são comuns nos EUA e na Europa, deixam de o ser a partir dos milhões naquele país, como se de uma aberração matemática se tratasse, sendo adulterada essa sequência, para dar lugar a "charadas com códigos e avisos prévios". Quer dizer, conceitos bem definidos e bem diferenciados como milhares de milhões, milhares de biliões etc, utilizados universalmente pela ciência, são suprimidos nos EUA essencialmente quando aplicados às questões económicas??!, suprimindo as vantagens de uma linguagem intuitiva e universal.
Haverá ainda alguém que, numa perspectiva puramente cientifica e das vantagens recíprocas - que é o que mais interessa - tenha dúvidas de quem deve mudar com vista `a uniformização?!

 
JSilva , Holanda | 23/09/11 14:05
Em Engenharia à seria os termos ambiguos são facilmente evitados.
Kilo (ou quilo), Mega, Giga, Tera,Peta (10E15), até Yota (10E24).
A designação kilobyte não sofre de nenhuma ambiguidade pois só se aplica a memorias de computadores binários onde efectivamente vale 1024. Quanto aos Gigas de discos duros por exemplo, deve confirmar pois é uma manobra de marketing curiosa, sem ser enganadora, dizer que 1Gbyte são 1000'000'000 bytes (basicamente "roubam-lhe" 73'741'824bytes).

 
kota , Pentilhão | 23/09/11 13:57
Em matemática não há "falsas questões". Estas falsas questões eternizam-se quando se lhes quer fugir.
Só devido ao peso anglo-saxónico no estabelecimento da sua visão (algo "criacionista") é que o Comité Internacional de Pesos e Medidas condescendeu em manter a Escala Curta, algo que nunca devia acontecer. A escala tem de ser única, múltipla de três e sem "terminologias criativas".
O hábito da denominação em Escala Curta (anglo-saxónica) é muito usada dado o peso mediático dos seus mentores, porém, como é contra-natura, isto é, não tem uma correspondência lógica com a notação científica, acabará por carecer de recurso matemático e, assim, ser ela própria a perguntar à Escala Longa quantos são... "um pentilhão"!
Aliás ouvi, com muita graça Eduardo Catroga, a usar o "pintelho", quiçá um seu submúltiplo de expoente negativo, para anular a importância de querelas orçamentais.
 
Nuno , | 23/09/11 13:31
Não admira esta opinião por parte do articulista. Esta malta agora acha que a economia é a ciência de Deus. Pois, mas é que não só não é uma ciência (e está cada vez mais longe de o ser...), como é uma simples subordinada da Matemática, de que faz uso do mais elementar que existe. Tal como já foi dito, o sistema de potências múltiplas de 3 é consagrado no Sistema Internacional de Unidades. Por isso, esta coisa do milhão-bilião (ou bilhão, conforme os gostos)-trilião é tão anacrónica como o Sistema Imperial, que nem sequer é decimal.

 
jc , coimbra | 23/09/11 13:26
É o que se chama a tempestade no copo de água( consequência da obsessão por um protagonismo exacerbado, mas destituido de lógica ou qualquer utilidade funcional).
Muito antes dos EUA existirem como nação, já se conhecia na generalidade dos países mais evoluidos da Europa, Arábia, Ásia etc, forma comum, matematicamente definida para designar números muito extensos,
Ora, como as divergências com o sistema americano só começam a partir dos milhões, concentremo-nos aí: o que é um milhão? É um número que, pela sua dimensão já não cabe dentro da órbita dos milhares, a não ser que se quisesse designar por "mil mil's", mil milhares, etc o que seria uma designação fastidiosa, havendo outra mais simplificada. Matematicamente - e isto é o mais importante - significa o produto de (mil), por si mesmo. De forma análoga, o produto de um milhão por um milhão deverá designar-se um bilião(um milhão de milhões), da mesma maneira, que um bilião por um bilião.
Standard , | 23/09/11 10:38
O que é necessário é que se cumpra de vez as convenções internacionais. O Sistema Internacional de Unidades (SI) prevê isso tudo e os anglo-saxónicos têm é que se alinhar com os standards internacionais que actualmente não usam. Até com satélites estoiraram porque a equipa multinacional usou em simultâneo metros e pés! No Reino Unido os pints e pounds já são apenas usados para medidas tradicionais (cerveja a copo por ex.) no resto é litros e kilograma. Quantos aos G ou Gigas também não servem pois sofrem de um problema ainda maior: 1k são 1000 (10^3) ou 1024 (2^10)?

 
Biliões de euros triliões de dólares , | 23/09/11 10:22
Penso que esta é uma falsa questão, atendendo também à diversidade de moedas/divisas. Assim podemos sempre referirmo-nos a biliões de euros e triliões de dólares... para além do efeito psicológico do Euro assim se assemelhar ainda mais forte que o Dólar!
 

kota , Escalas de Prefixos | 23/09/11 06:36
É uma questão estabelecida na Metrologia, que prevê PREFIXOS associados às grandezas do Sistema Internacional de Unidades (SI).
No caso vertente da contagem de dinheiro ou de outras grandezas adimensionais contáveis, como o dinheiro, o peso da "cultura" anglo-saxónica faz sentir o seu pragmatismo, nem sempre muito lógico ao "impôr" a Escala Curta.
A Escala Longa assenta numa lógica de potências múltiplas de três, que é a notação científica usada na Física e na Engenharia.
Ao usar este sequenciamento lógico, a Escala Longa torna a linguagem mais robusta contra interpretações dúbias. Além disso é a terminologia usada mais frequentemente pela cultura europeia.
Em gráficos, nada melhor que usar as potências múltiplas de três

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